domingo, 28 de outubro de 2012

ABRIL/2011 - SÃO LOURENÇO DO OESTE (SC) DE MOTO

Esta já foi uma viagem bem maior. 810 Km até lá.
Estradas boas no geral. Fizemos em duas etapas, praticamente. Na segunda parte não fomos direto devido a grande quantidade de chuva quando estávamos em uma estrada estadual em Santa Catarina, sem acostamento. Tornava-se perigoso pilotar.Daí ficamos uma 2ª noite em um hotel já a 50 Km da cidade onde fomos visitar nossos amigos Alberto e Maria.  

chegando em São Lourenço do Oeste (SC)


Passamos uma semana na casa deles e depois fomos para a casa que eles tem a beira de um lago. O lugar é belíssimo.

esta é a casa da Larice (filha deles) e do Anderson - temos o Alberto, o Francisco, o Anderson, a Maria, a Iara e a Larice


 a cidade é limpa e bem organizada


 vista da rua do Alberto, da sacada do apartamento: lugar do nosso chimarrão


vista da cidade, do mirante sobre as caixas d'água que abastecem o lugar


 este é o ALAGADO, como eles chamam o lago


Esta vista se tem do alpendre da casa. Passamos mais uma semana neste paraíso. Só faltou ter peixes. Eles dizem que tem, só que não conseguimos ver nem pegar.
Pescaram uns peixinhos, que para mim serviam só pra aquário.

olha aí a Larice e a Maria: eta vida boa


eles até saíam de lancha pra pescar, mas peixe que é bem bom, nada 


também fizemos um passeio de lancha: esta é a vista das casas de dentro do lago


 realmente, eles tentaram muito pescar


Mas valeu o passeio. Eles são ótimos. A filha (Larice) e o genro (Anderson) uns parceiros e tanto.
Hora da partida. Vamos aguardar a visita deles em Pelotas.

     pé na estrada (é hora de voltar)


A moto se portou muito bem.

  como não tínhamos um tripé, fotografamos um de cada vez


Por recomendação do Alberto, chegamos no Museu Militar, perto de Panambi. É particular. Muito grande e com inúmeros carros da época das guerras. Muito interessante. Vale a pena conhecer.

 Museu Militar Steindorff


  
















Estava tudo muito bom, só que na hora de irmos embora, não achamos a chave da moto. Procuramos em meio a tantas viaturas e não teve jeito de encontrar.
O proprietário do Museu, o Seferson, gente finíssima, se ofereceu para nos levar até Panambi, nos deixar em um hotel e no outro dia pela manhã, nos apanhar e irmos para o Museu procurar a chave.
Conseguiu, junto com seus funcionários, colocar a moto dentro dos galpões e no outro dia fez com que todos seus empregados fizessem uma busca no museu.
Em Panambi temos um casal de amigos, do tempo dos acampamentos de barraca, quando ainda éramos solteiros.
Aproveitamos e fomos revê-los. Tudo tem o lado bom. Não da para esquentar demais. Passamos umas horas tranquilas, recordando os velhos tempos.

 aí estão nossos amigos Neiva e Guto


As coincidências nesta vida são grandes. Não é que o Seferson mora no mesmo prédio que eles?
No outro dia, mesmo com toda a turma procurando, não houve meio de achar a chave.
Tivemos que providenciar um chaveiro para fazer outra chave já que a de reserva estava em Pelotas.
Daí voltamos para a estrada.
Depois de alguns dias a dita chave foi achada e quando o Guto esteve em Pelotas, levou-a.
Realmente, a moto se portou muito bem. Os donos da moto é que ratearam e perderam a chave.
Mas nada que não se resolvesse.Assim acabamos revendo nossos amigos e tendo a oportunidade de conhecer uma pessoa espetacular que é o Seferson.
Tudo vale a pena quando a alma não é pequena.    
 

FEV/2011 - FORTE SANTA TEREZA DE MOTO

Foi uma viagem tranquila. Não podíamos exagerar. O motor estava sendo amaciado.
Passamos três dias revendo os lugares e praias que tão bem conhecíamos.


o sombráculo: sempre um recanto tranquilo


"o forte"- como diziam nossos filhos: a casa do seu guarda


praia del barco


praia la moza


área de pic nic


de sobremesa pedimos um cucuruchon para cada um: quase tivemos uma hipotermia - é sorvete que não acaba mais



Valeu como 1ª saida. Estamos nos adaptando. Muita coisa não da pra levar. Sentimos falta das cadeiras de praia para sentar.


 acampamos no cerro chato


olha nós aí: felizes 


 tudo vale a pena com esta vista maravilhosa

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

JAN/2011 - KAZINSKI

Compramos uma moto Kazinski Mirage 250.
O Francisco está louco para fazer uma viagem de moto. Voltar aos velhos tempos.



Realmente ela é linda: pede uma estrada
 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

NOV 2010 - DESCIDA DO RIO CAMAQUÃ

Depois de tomar gosto pela remada, nosso objetivo era descer o rio camaquã desde a ponte na BR que vai pra Santana da Boa Vista até a ponte do Cristal na estrada para Porto Alegre.
Saímos de um ponto mais acima alguns quilômetros.
Do dia em que saímos até nossa chegada, passaram-se 12 dias. Destes, 2 estivemos parados, aproveitando a vida.
Nesses dias todos passamos por muitos perigos mas também tivemos dias maravilhosos de contato direto com a natureza ainda preservada. Foram lugares de cinema.
Percorremos 153 Km. Passamos trabalho, cansamos, pegamos chuva, vento, sol, frio, muitas picadas de insetos, mas nada disso impediu-nos de curtir tudo que de bom pudemos extrair do passeio.
Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena, não é?
Valeu, camaquã !...



RESUMO DETALHADO




Saída da frente de nossa casa




PRIMEIRO DIA: Saída do Camping Liberado as 14 horas, 9 Km adiante da ponte. Nossos filhos Taís e Jean foram junto para levar de volta o carro com o reboque que levou a canoa.






Depois das despedidas, começou nossa aventura.
Várias corredeiras.





















Até nos depararmos com uma cachoeira cheia de pedras. Tivemos que usar corda para soltar a canoa com o Francisco dentro. Eu segui por terra. Foi um sufoco mas superamos.









Ótimo lugar para acampar logo depois da cachoeira.











Ótimo fogo de chão : muita lenha.




SEGUNDO DIA: Logo na saída encaramos corredeira. Água tão baixa que o barco ficou entalado entre as pedras. Lugares lindíssimos.

























A tarde entramos numa corredeira violenta, mesmo sem querer. Quando vimos já estávamos dentro. O Francisco usou até uma fatecha para frear um pouco. O fundo é todo pedra, não prendia, mas ia arrastando, freando. Só que no meio da corredeira, a fatecha prendeu num pau e foi uma freada e tanto. Conseguimos equilibrar a canoa que queria ir pra baixo de uns galhos, ladeando e querendo entrar água pela borda. Tivemos que cortar a corda e perder a fatecha. Dos males o menor. Só que ao liberar a fatecha, até parecia que tivéssemos ligado uma turbina. A canoa pegou uma velocidade enorme. O susto foi proporcional a velocidade.
O único problema é que as piores situações nunca oferecem condições de serem fotografadas.
Encontramos morros enormes só de pedra (seixos).






Paramos as 16:20 horas. Um ótimo lugar. Um bom banho. Chimarrão e janta com fogo de chão.










TERCEIRO DIA: Choveu durante a noite e saímos com chuva fina, com roupa para moto.






























Dia cheio de carredeiras. Encontramos um senhor pescando num caíco que nos disse estarmos mais ou menos próximos do PAREDÃO. Só que no pé do morro seguinte teríamos que passar uma cachoeira grande. Dito e feito. Não foi fácil mas vencemos mais uma.













O PAREDÃO é imponente. Lugar maravilhoso. Silêncio impressionante. Águas calmas e profundas.





















Acampamos logo a seguir. Almoço e janta foi peixe frito que o Francisco pescou na véspera.











Nosso pensamento era: hoje é o 3º dia e conseguimos chegar apenas no PAREDÃO que são apenas 21 Km. Neste ritmo não conseguiremos fazer todo o trajeto original.(O Francisco toma uns medicamentos: levávamos para duas semanas)




QUARTO DIA: Choveu durante a noite.




Parte da manhã light: corredeirinhas e navegadas maiores.








Tarde encrespou: pegamos uma corredeira extensa numa parte do rio que tem pedra quase aflorando por todo lado. A corda escapou do barco quando o Francisco estava puxando. Ele se atirou por cima da canoa e por sorte foi indo e parou em um remanso. Foi o 1º caldo do Francisco.
Depois encontramos outra corredeira que não tinha como passar o barco, nem sem nós. Muita pedra. Muita velocidade de água vertendo de vários lados. Viraria a canoa com toda a carga.
Tivemos que descarregar tudo e passar a canoa e as tralhas por cima das pedras, na mão, por uns 10 metros.












Sem almoço, só sufoco.
Mas a janta e o acampamento com fogo de chão valeu.








QUINTO DIA: O rio é só curva e pedra. A água é cristalina. As retas tem quase sempre uns 100 a 200 metros e já é outra curva e a cada curva geralmente uma corredeira.













Hoje, chegamos ao PASO DO MARINHEIRO. Tem uma balsa que atravessa carro.O ônibus vem de Pelotas(15 horas sai da rodoviária), da COMETUR (Marinheiro) até a balsa e da volta dali no outro dia as 6:30 horas da manhã.








O balseiro já trabalha ali a 21 anos. Ele tem na casa um telefone vivo com antena. Nos deixou usar. Pudemos dar notícias para tranquilizar o pessoal de casa, pois nada funciona: celular, rádio de comunicação. Estamos isolados.
Enquanto o Francisco batia papo com o balseiro eu fui andar por dentro de um riacho que desagua no rio. No primeiro passo fiquei enterrada até a virilha. Tive que pedir ajuda para sair.
Numa destas corredeiras, quando andava por dentro d'água entre as pedras pra ajudar a passar a canoa, dei um passo largo e o chinelo ficou trancado nas pedras. Levei um tombo. Meu 1º caldo.
O dia estava complicado pra mim. Quando vinha pela margem olhando as pedras, o Francisco que estava sentado na proa da canoa, pela água, navegando na calma, lugar muito raso, ficou debochando que eu era muito lerda para caminhar. Ele estava andando mais rápido. Resolvi dar uma corrida. Não sei como que me enterrei até o joelho nas pedrinhas. Quase perdi o chinelo.
Finalmente, após tantas corredeiras, começou a ter uns lagãos, como eles dizem, maiores.
Pensamos que ia render muito, mas tem que ir remando bem devagar, muitas vezes freando e até remando para traz de tanta pedra abaixo da água apenas alguns centímetros.
Passamos um sufoco quando a canoa passou por uma e ficou acavalada. Por sorte ela é valente. Aguenta bem as batidas. Chega a estalar.
Encontramos um lugar ótimo para acampar.







Hora do banho e fazer fogo de chão, chimarrão e carreteiro de charque.










Uma noite espetacular.O céu não podia estar mais estrelado.
Nosso pensamento: 5º dia passamos pelo Paso do Marinheiro (38 Km). Ainda estamos muito atrasados no cronograma.




SEXTO DIA: (domingo)
Dia lindíssimo.









Resolvemos ficar acampados hoje. Já que não vai dar tempo de ir até o Cristal.













O Francisco pescou um jundiá e um pintado. Saiu uma moqueca e tanto.
Chegou um pessoal de barco, daqui de perto para pescar. Estiveram conversando. Nos deram umas dicas de lugar para pescar mais adiante (CAIXÃO DOS DOURADOS).




Dizem que vai sair uma barragem uns quilômetros mais para baixo.
Quando eu estava tomando banho, ouvi uns gritos na árvore perto. Eram uns tucanos. Pena que não deu tempo de pegar a máquina para fotografar. São muito ariscos e também lindos.
Hoje o dia foi muito quente. O Francisco fez um toldo com o sombrite na margem para podermos pescar.
O problema são os miruins e as mutucas. Mosquitos não tem. Eu tenho que estar sempre de manga comprida e calça de brim. No 1º dia não estava e fiquei toda embolotada, mesmo passando repelente. Eles não respeitam.
A noite colocamos o edredon no chão e ficamos analizando o céu estrelado. Contamos 14 satélites. As Três Marias surgiram num ângulo que pareciam estar subindo o morro defronte.
É muita paz todo este cenário.






SÉTIMO DIA: Saímos no nosso horário normal, por volta de 8 horas. Já começamos por dentro d'água já que tínhamos parado antes de uma corredeira. Foram tantas nesta manhã e tão extensas (de 100 a 300 metros) que preocupados em cuidar as pedras, não vimos a malha de taquaras para sabermos onde era o CAIXÃO DOS DOURADOS.
O Francisco viu 2 tartarugas. A água tão limpa, cheia de pedras para ficarem ao sol e tão raras. La no clube com água não tão limpa tem muitas.
Paramos para almoçar (arroz com strogonof). Chique, né? Enquanto eu preparava o Francisco pescou uns tambicas. São enormes. Outro dia comemos frito, junto com as traíras.










Devia ser umas 16 horas quando chegamos na Ponte de Encruzilhada. Fiquei na sombra da ponte com a canoa ( o calor era sufocante: um vento quente ) e o Francisco foi até um barzinho na cabeceira da ponte.
Telefone não tem. Mas voltou com pão, salsicha, bolacha salgada e coca cola super gelada mais água mineral congelada. Fizemos a festa ali mesmo.











A senhora do bar disse que as pedras terminaram. Só esqueceu de dizer que começavam os paus. É incontável a quantidade de árvores inteiras caídas dentro do rio.




Como tem muitas curvas, fica com correnteza violenta quando estreita e quer jogar a canoa contra os galhos.
Numa destas, eu monguei, custei a remar mais rápido e o Francisco teve que meter o pé ( de botina ), no tronco, para não levar uma paulada no rosto. O baque foi tão forte que ficou com o joelho todo dolorido. Deve ter tido alguma contusão.
Passamos por mais de um cemitério de árvores. A correnteza é tão forte em certos trechos que nós dois remando com toda força perdíamos o controle de direção: a canoa vai para onde quer.






A gente tem que mudar a trajetória e depois procurar corrigir a rota descendo e arrastando a canoa por entre os galhos.
Um outro quase pegou no Francisco. Escapamos de duas situações muito perigosas hoje.
O que tem muito por aqui são papagaios. Gritam muito. Não consegui fotografar nenhum. Voam muito alto.
Paramos numa prainha muito legal para fazer o acampamento. Já era tarde. Assim mesmo, teve banho de rio, fogo de chão, chimarrão.




Pescamos 4 jundiás. Tem uns peixes grandes que ficam nas margens, na água rasa. Quando a gente se aproxima, parece que eles ligam uma turbina. Saem que é um risco. Chegam a ir fazendo onda.
Fomos deitar mais de meia noite.

Nosso pensamento: Uma semana, Ponte de Encruzilhada (60 Km). Estamos mais perto do objetivo.





OITAVO DIA: Hoje saímos mais tarde: 8:30 horas.
O tempo estava feio. Deixamos as roupas de chuva a mão.




Cada vez mais tem árvores dentro do rio. É impressionante. E também aumentou muito a quantidade de peixes que saem das margens quando a gente passa.




Ontem passamos por um senhor que estava pescando pintado. Disse-nos que dá PIAVA, GRUMATÃ e DOURADO.
Vimos uma cabana muito bonita. Garagem e antena parabólica. Mas estava tudo fechado, sem ninguém.
No que começamos a navegar, já tivemos que parar para por a roupa de chuva pois ela chegou de mansinho mas depois pra valer. Navegamos com chuva até as 13 horas quando paramos para comer pão com salsicha e café quente para aquecer já que estávamos gelados (molhados ). Originalmente seria peixe frito, mas não deu.
Seguimos ora remando e ora puxando a canoa por entre os galhos. Até que chegamos numa ilha que tinha tanta árvore caída na água que foi um sufoco conseguirmos seguir. Mais um obstáculo vencido.
Só que quando vínhamos tranquilos por entre as árvores, depois de uma curva, deparamos com uma corredeira com pedras e galhos. Agora sim, juntou tudo. Como já estávamos encharcados e antes da corredeira tinha um ótimo lugar pra acampar, resolvemos parar.
Só não esperávamos que houvesse entrado água nas bombonas. Elas vinham deitadas. A canoa tinha muita água dentro. Muito tempo de chuva, sem contar que cada vez que entrávamos levávamos muita água na roupa de chuva.
Como a chuva deu uma paradinha, armamos a barraca, fizemos fogo de chão e providenciamos uma cordas por volta do fogo para ir secando as roupas que estavam todas molhadas.




Só ficou seca a barraca, o colchão inflável e os dois sacos de dormir. O restante ta tudo molhado. Nosso acampamento ficou lindo. Parece uma favela.
Fiz um chimarrão. Tem vários papagaios gritando nas árvores. O Francisco está pescando. Tudo tranquilo. Lenha é que não falta. No dia em que não navegamos mantivemos o fogo de chão durante todo o tempo.
Só que as 17:45 horas mais ou menos, depois de umas 2 horas que tínhamos parado, a chuva resolveu retornar junto com muito vento.
No momento, 19 horas, estamos dentro da barraca. Eu escrevendo e o Francisco tentando ouvir algo no rádio de comunicação, sem sucesso.
O vento está fortíssimo. Embolsa nos panos da barraca e a chuva cada vez mais forte.
O negócio é dormir cedo.



NONO DIA: Amanheceu um lindo dia. Foi mais difícel fazer fogo de chão já que as lenhas estão encharcadas. Mas o Francisco já está especialista. Com o maçariquinho deu uma secada nos primeiros paus e aí o fogo pegou.





Recolocamos as roupas pra secar. Só vamos sair depois de tudo seco. Não tem condições, do jeito que tá.
Depois do café fomos dar uma caminhada por dentro da mata. O Francisco queria ver se chegava numa estrada já que se ouve barulho de carros. Mas não. Tem uma estradinha com marcas de trator, mas que deve ir só pra granja. A mata é muito bonita. Cerrada e cheia de cipós que vão até quase o chão.
Tomamos chimarrão enquanto terminava de secar as tralhas. O Francisco tentou pescar mas não tinha isca. Não sei porque nestes dias todos a armadilha para lambaris não funcionou. Só entrou um. Mas o Francisco conseguiu uma coisa inédita aqui. Pescou um lambari com uma bala de goma.
Já eram 11 horas quando saímos já por dentro d'água. Uma corredeira nos aguardava. Foi fácil: já estamos ficando bons nisso.




As 13 horas estávamos chegando no PASO DA GUARDA. Conversamos com o balseiro que nos disse que o Seu Romeu, que mora na saída da balsa na margem esquerda, tinha telefone.




Fomos lá. Muito simpático. Nos convidou a entrar e sentar para bater um papo. Nos deu uma dica muito importante. Mais a frente te uma ilha enorme, que até eu tinha imprimido a foto do google. Já tínhamos olhado e o Francisco viu que pela direita o caminho era bem mais curto. Só que o Seu Romeu disse para irmos pela esquerda. Na direita a correnteza é violenta e joga a canoa pra cima do mato, além de ter no final, na saída pro rio uma corredeira de pedras violentíssima. Valeu.
Ligamos pra casa. Tudo OK. Nove dias e é a segunda vez que conseguimos contato com o pessoal.
O Seu Romeu nos vendeu um pacote de rosquinhas. Era só o que tinha no bar (a temporada ainda não tinha iniciado). Não conseguimos cachaça. O licor que nosso amigo Beraldo fez, ta no finzinho. Ontem tínhamos que tomar um traguinho de vez em quando pra passar o frio (molhados e remando abaixo de chuva e vento).
O Seu Romeu nos falou que no verão o lugar se transforma. A praia que está aparecendo aumenta muito já que a água baixa bem mais. Nos convidou a conhecer o lugar e que se quizéssemos descansar, poderíamos ficar.
O lugar é lindíssimo. Tem 32 casas para veraneio e um camping. Tudo com água e luz. As casas tem antenas parabólicas.



















Quando andávamos olhando, encontramos o Seu Adão, dono de uma das casas, que nos convidou a sentar. Gosta de um papo. Queria que ficássemos até o outro dia para conversarmos mais. Da pra ir com o motor home por terra. Vai pela estrada de Encruzilhada. Passa a ponte e entra numa estrada de chão a direita. Mais adiante tem um posto de gasolina. Segue e dobra a direita. Tem que entrar na propriedade dos ABRANTES.
As 14:30 horas seguimos navegando. Andamos um pouco até achar um lugar abrigado do vento para fritar os peixes. Filé de jundiá. Estava muito gostoso.







Mais um pouco e chegamos na ilha. Saíam peixes (grumatãs, segundo Seu Adão: só pegam de tarrafa ou rede) das margens.
A travessia pelo lado esquerdo foi mais ou menos tranquila. Na saída deu pra ver que pelo outro lado realmente tinha uma corredeira violenta. Valeu Seu Romeu.
Passamos outras corredeiras. Uma dificílima. Deu trabalho, tivemos que voltar um pouco e trocar de margem.
O Seu Adão nos falou que depois de uns barrancos teria uma cachoeira grande. Cada barranco que avistávamos eu falava pro Francisco para pararmos e ir olhar a curva. Fizemos isto duas vezes e não tinha nada. Na terceira vez quando falei novamente, ele disse que não sabia porque hoje eu estava tão apavorada: tava com medo até de pedra de isqueiro. Vê se pode. Mas foi tudo tranquilo.
Paramos já eram quase 20 horas. Fogo de chão e chimarrão com rosquinhas. Não tinha iscas. O Francisco até tentou pegar uns sapinhos mas não conseguiu.


As 22 horas fomos deitar. Antes fiz uma "cirurgia" no meu dedão direito. Infeccionou no canto da unha. Fazem dois dias que vem incomodando. Estava enorme. Esterelizamos a ponta de um anzolão e furei. Que alívio!...
Deitamos e tem um sapinho aqui do lado que canta um pouco e para. Recomeça noutro ritmo. Até rock acho que tem. Croc croc ...
Nosso pensamento: 9 dias - PASO DA GUARDA ( 90 Km). Vai dar tempo pra ir até o final.




DÉCIMO DIA: Que noite fria. Acabamos perdendo o sono, com todo o cansaço, devido ao chimarrão tarde. Acordamos 8 horas e nada do sol bater no acampamento. Um frio danado. Tudo molhado de sereno.


Daí que até tomarmos café, organizarmos tudo e saírmos já eram 10 horas.
Encontramos várias corredeiras pela frente mas também uns lagos maravilhosos. Passamos por uma praia onde tinha vários urubús.




A água para cá tem estado mais leitosa, o que dificulta enxergar as pedras e galhos. Também sumiram os peixes nas margens.













Quando vínhamos num destes lagos com água calma, só ouvi um barulhão. Até pensei que o Francisco tinha caído n'água. Era um peixe que pulou por cima da canoa e quase acertou o Francisco. Chegou a deixar ele com o rosto molhado. Pena que não caiu dentro do barco. Achamos que fosse uma carpa de bom tamanho.
Outro fato curioso neste lago é que remávamos no mais completo silêncio, quando surgiu bem na frente da canoa uma capivara saindo pra respirar. Levei um susto pois ela também se assustou e deu um grito, afundando ligeiro.
Chegamos a Amaral Ferrador por volta de 16 horas. Enquanto o Francisco ficou batendo papo com o balseiro, eu fui até a cidade ( cerca de 800 metros ) para compras e telefonar.









Falei com o pessoal. Tudo Ok. Meu irmão Bita disse que poderá vir no sábado nos pegar no Cristal. Contamos chegar lá nesta data.
Tive que percorrer três lugares diferentes na cidade para conseguir um orelhão que funcionasse. Com isso andei por toda a City. Muito bonita. Pequenina mas toda organizada. Todos os prédios, residenciais ou comerciais bem pintados e com os pátios limpos e floridos.
O Francisco até andou de balsa, acompanhando a balseiro enquanto me esperava. O balseiro disse que tem um Camping Municipal que no verão é uma maravilha. Ótimo rapaz. Até cavou umas minhocas para pegarmos pintados.




Saímos de Amaral Ferrador já eram quase 18 horas. Custamos a encontrar um lugar pra ficar. Depois de descarregar tudo e já estar armando acampamento, vimos na margem defronte um homem com um boné do MST. Vários canos de pvc para puxar água do rio. Estávamos bem em frente a um Acampamento dos Sem Terra. Mas confiamos que seriam gente boa. E assim foi. Tudo tranquilo.




Nosso pensamento: Amaral Ferrador (118 Km). Agora é certo que completaremos nosso sonho.




DÉCIMO PRIMEIRO DIA: O Francisco levantou as 5:30 horas. O rio estava tomado por uma névoa. Não se enxergava a outra margem. Lindo!.........





Estava muito frio. Fiquei deitada mais um pouco. O Francisco fez fogo de chão, aqueceu água na cambona pro café. Depois de tudo pronto foi me chamar.
Disse que eu podia sair da barraca, pois ele já tinha aquecido o mundo pra mim. Isto que é despertar bem!..........
Por volta das 8 horas seguimos viagem rio abaixo.







As 10:30 paramos para um chimarrão e o almoço.




Todo o tempo que estivemos parados neste local, tivemos como som ao fundo, o ronco dos bugios. Chega a ser assustador. Todos gritam ao mesmo tempo. Aumentando sempre de intensidade. É uma parte de mata cerrada. Não da pra ver, só ouvir.
Quase 13 horas chegamos ao local que o balseiro tinha comentado que devíamos conhecer: PRAIA BOMSERÁ.
Tem um camping na propriedade do Seu Costinha e Dona Maria. O lugar é bonito. Dísse-nos que no verão vem muita gente de Caxias, Lajeado e toda região da serra para acampar. Entra pelo Cristal em direção a Amaral Ferrador até encontrar uma placa que indica a Praia Bomserá. O motor home chega até lá.



Como já estávamos nos aproximando do Cristal, o rio começa a ficar mais largo.




O vento nordestão estava soprando a mil. Começou a levantar ondas de uns 40 cm. A água que a proa da canoa levantava saltava em mim. Tinha-se que fazer o dobro de força para remar e vencer o vento. Se parássemos de remar a canoa começava a dar pra traz meio de lado. O vento era mais forte que a correnteza e ainda formava ondas.
Quando eram 16:30 horas paramos em uma praia.Descemos os sacos de dormir. Esticamos na areia, no sol e descansamos até as 18 horas. Estávamos exaustos. Daí, renovadas as forças, seguimos navegando.
Por volta das 19 horas falei com o Jean (nosso filho). Agora o celular já pegava o sinal do Cristal. Já está tudo acertado pra nos pegarem amanhã.
Meus braços não aguentavam mais. Tínhamos passado por cima de uns galhos a mil, mesmo sem querer, já que não conseguimos vencer a correnteza. Pedi ao Francisco para pararmos. Tinha medo de precisar remar mais forte para sair de uma situação difícel e não ter forças. O Francisco pretendia chegar mais perto da ponte do Cristal, pois tinha receio de que no outro dia o vento estivesse pior ainda, já que vinha aumentando.
Mas paramos lá pelas 20 horas. Estávamos bem perto da ponte. Ouvíamos os carros passando.




Poderíamos ter chegado ainda neste dia, mas saímos a passeio e não para bater records.
Comemos um rico carreteiro de charque.
Hoje foi o 1º dia que não precisamos descer pra puxar a canoa. Remamos sempre, passando aqui ou ali por correntezas mais ou menos fortes.




DÉCIMO SEGUNDO DIA: Levantamos cedo para pegarmos menos vento.




Um pouco antes das 8 horas já estávamos avistando a ponte.




Só que se rema bastante até chegar nela e é tudo muito raso.







O vento realmente estava bem pior do que ontem.
As 8:30 do dia 13/11/2010 estávamos chegando ao final da nossa remada iniciada as 14:30 horas do dia 02/11/2010.




O Bita chegou ao mesmo tempo que nós. Ainda deu pra bater a foto de nossa chegada na margem.





voltando para casa (Rose, Bita, Iara e Francisco)


Nosso pensamento: SONHO REALIZADO. O quanto antes temos que programar o próximo.